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História do Tricolor

Geral do Clube

O São Paulo Futebol Clube é uma associação esportiva brasileira. Foi fundado 25 de janeiro de 1930 e, após um breve período de inatividade, foi refundado em 16 de dezembro de 1935. É um dos principais clubes esportivos do país e do mundo, tendo grande tradição no futebol, boxe, atletismo, vôlei, judô, saltos ornamentais, entre outros.
No futebol, o São Paulo é um dos clubes mais bem sucedidos do Brasil, tendo conquistado 21 campeonatos estaduais, 6 Campeonatos Brasileiros, além de ser o único a conquistá-lo 3 vezes seguidas em 2006, 2007 e 2008, 3 Libertadores e 3 Mundiais.
Segundo pesquisa realizada pelo IBOPE, em 2004, o time possuía a terceira maior torcida do país, atrás somente de Flamengo e Corinthians.
O São Paulo é também o time que mais cedeu jogadores para a Seleção Brasileira em Copas do Mundo, com 102 atletas convocados até a Copa de 2006, ultrapassando o Botafogo, que teve 96.

História do Clube

A "Pré-História" (1900-1935)

A data oficial do São Paulo Futebol Clube é 16 de dezembro de 1935. Mas a história do clube começa bem antes disso. Mais exatamente no ano de 1900, quando foi fundado o Clube Atlético Paulistano.
O Paulistano era a grande potência do futebol paulista e brasileiro no início do século XX. Nesse time jogava ninguém menos que Arthur Friedenreich, uma espécie de Pelé das décadas de 1910 e 1920. O Paulistano conquistou o Campeonato Paulista doze vezes entre 1905 (após três vice-campeonatos consecutivos) e 1929, além de ser o primeiro time brasileiro a fazer uma excursão à Europa (em 1925), onde obteve resultados bastante expressivos. No entanto, o Paulistano recusou-se a aderir ao profissionalismo, decidindo encerrar suas atividades no futebol em 1929, embora ainda exista como clube social e de esportes amadores até hoje. No mesmo ano de 1929, a Associação Atlética das Palmeiras teve o mesmo destino.
Em 26 de Janeiro de 1930, nasceu o São Paulo Futebol Clube, com jogadores e as cores vermelha e branca vindos do Paulistano (além de jogadores já consagrados como Araken, Friedenreich e Waldemar de Brito), e com o branco e o negro cedido pelo A.A. das Palmeiras, além de ter herdado deste o campo da Chácara da Floresta. Daí o nome como esse time “intermediário” ficou conhecido: São Paulo da Floresta O primeiro presidente do novo clube foi Edgard de Souza, eleito pelos sócios.
No mesmo ano, o time foi vice-campeão paulista, e no ano seguinte o São Paulo da Floresta conquistou seu primeiro título estadual batendo o Corinthians na decisão por 4x1. O time-base era formado por Joãozinho (Nestor); Clodô e Bartô; Milton, Bino e Sasso; Luizinho, Armandinho (Siriri), Friedenreich, Araken e Junqueirinha, com Rubens Salles de técnico.
Dois anos depois, em 1933, o São Paulo da Floresta bateria o Santos por 5 a 1 na primeira partida de futebol profissional do Brasil, mas perderia o título na decisão contra o Palestra Itália, primeiro campeão paulista da era profissional.
Então o clube passou a enfrentar sérias dificuldades financeiras. Os dirigentes adquiriram uma luxuosa sede na Rua Conselheiro Crispiniano (no centro da cidade), um palacete chamado Trocadero. A compra acabou acarretando uma dívida de 190 contos de réis, que ocasionou a fusão com o Clube de Regatas Tietê. Ficou determinado que não seriam usadas cores, uniformes e vários outros símbolos do São Paulo – dando em troca o campo da Floresta e extinguindo o departamento de futebol em 14 de maio de 1935.

O "Clube da Fé" (1935-1939)

O primeiro presidente do clube, Manoel do Carmo Meca, bem como seu outros fundadores e refundadores (Cid Mattos Viana, Francisco Pereira Carneiro, Eólo Campos, Manoel Arruda Nascimento, entre outros) jamais aceitaram o fim definitivo do clube. Logo depois da fusão com o Tietê, que sepultou o São Paulo da Floresta, os obstinados senhores fundaram o Grêmio Tricolor. O objetivo, segundo eles, era manter vivo o futebol da velha "família paulistana". O Grêmio daria origem ao Clube Atlético São Paulo, no dia 4 de junho de 1935, e, finalmente, ao São Paulo Futebol Clube atual, fundado em 16 de dezembro do mesmo ano. Depois de tantas ressurreições, o clube passou a ser conhecido como o "Clube da Fé".
Dessa vez, entretanto, o tricolor paulista nasceu pobre. Os primeiros jogadores foram trazidos do Paraná pelo presidente e pelo primeiro técnico, Armando Del Debbio. Da capital paranaense, vieram o goleiro King e os médios José e Segoa. O primeiro jogo era contra a Portuguesa Santista no dia 25 de Janeiro de 1936. Era aniversário de São Paulo e a Secretaria de Educação havia proibido a realização de manifestações públicas que pudessem concorrer com uma parada realizada na Avenida Paulista naquele mesmo dia e horário. Porphyrio da Paz, diretor de futebol e autor do hino do clube, foi para a Paulista, subiu no palanque das autoridades e só voltou de lá com uma autorização assinada pelo secretário Cantídio Campos, permitindo ao novo São Paulo Futebol Clube fazer seu primeiro jogo oficial.
O clube já nasceu muito popular, uma vez que tinha reunido as torcidas do Paulistano e da A. A. das Palmeiras. O time, no entanto era muito fraco: ficou apenas em oitavo no Campeonato Paulista de 1936 e em sétimo no de 1937. Nem sequer conseguiu a classificação para a fase decisiva do campeonato, que reuniu seis times.
Os dirigentes decidiram então reforçar o time com uma nova fusão, dessa vez com o Estudante Paulista, do bairro paulistano da Mooca. O Estudante foi criado também por ex-simpatizantes do extinto Paulistano. Na nova fusão, o São Paulo ganhou nove jogadores: Pedrosa (goleiro e futuro presidente do clube), Agostinho, Inocêncio, Ponzoníbio, Lisandro, Mendes, Armandinho, Araken e Paulo.
Com eles, o Tricolor, até então um time tecnicamente inexpressivo, chegou à decisão do Campeonato Paulista de 1938, contra o Corinthians. Logo aos dois minutos o São Paulo abriu o placar com Mendes. Aos 20 do segundo tempo, o árbitro Tomás dos Reis Cardoso de Almeida validou um gol corintiano no qual o atacante Carlito teria tocado a bola com a mão após um chute torto de Servílio. Um minuto depois, a partida foi interrompida por conta da forte chuva que caía na cidade. Os minutos restantes foram jogados dois dias depois. O Corinthians jogava pelo empate, que acabou persistindo.

O "Rolo Compressor" (1939-1950)

Em 1940, quando foi inaugurado o Estádio do Pacaembu, o futebol do estado de São Paulo começa uma nova era. O São Paulo acabou sendo o clube que melhor aproveitou o momento. Em 1941, com regulamento de pontos corridos, foi vice-campeão, ficando atrás apenas do Corinthians. Em 1942, a extravagância: por 200 contos de réis (10 contos a mais do que a dívida que levou à extinção do São Paulo da Floresta), o São Paulo contratou Leônidas da Silva, jogador do Flamengo, considerado o grande craque da época.
Mas a extravagância não parou por aí. Já assumindo a condição de time grande, em seguida trouxe grandes nomes como o argentino António Sastre, Noronha, Bauer, Zezé Procópio, Luizinho, Rui e Teixeirinha. Com eles, o Tricolor formou o famoso time conhecido como "Rolo Compressor", campeão cinco vezes nos anos 40: em 1943 e dois bicampeonatos, 1945-46 e 1948-49.
A conquista de 1943 teve um sabor especial, pois interrompeu a dobradinha Palestra Itália - Corinthians, que se revezavam como campeões desde 1936. Havia uma piada que corria na imprensa na época, dizendo que o campeonato seria decidido no cara ou coroa: se no início do campeonato paulista a moeda fosse jogada e caísse de um lado daria Palestra. Do outro, o Corinthians seria o campeão.
Quando o São Paulo foi campeão, um ponto à frente do Corinthians e dois à frente do Palmeiras, se disse que "a moeda caiu em pé".
Em 1945, o título veio com uma única derrota em 20 jogos. No bicampeonato em 1946, o título foi conquistado sem nenhuma derrota. Foi a única vez até os dias atuais que o São Paulo Futebol Clube foi campeão paulista invicto. Nesse momento, o clube já havia se instalado no Estádio do Canindé, terreno que depois seria vendido à Portuguesa para viabilizar a construção do Estádio do Morumbi.
Em 1947, uma campanha irregular evitou que o clube conquistasse o tricampeonato. Nos dois anos seguintes, 1948 e 1949, mais um bicampeonato para o São Paulo fechar com chave de ouro os anos gloriosos de Leônidas da Silva. Tempos tão vitoriosos que poucos se importaram com o vice-campeonato de 1950, que mais uma vez tirou o tri paulista do São Paulo.

Tempo de Vacas Magras (1951-1957)

O começo dos anos 50 não foi de grandes títulos, já que a torcida e os dirigentes do São Paulo Futebol Clube já começavam a se encantar com a possibilidade de um novo estádio.
Mesmo assim, o São Paulo foi campeão paulista de 1953, sete pontos à frente do Palmeiras e doze à frente do Corinthians, que buscava o tricampeonato. Já com um elenco bastante renovado em relação ao da década anterior, o time venceu 24 dos 28 jogos disputados, com apenas dois empates e duas derrotas. O time base treinado por Jim Lopes foi: Poy, De Sordi e Mauro; Pé-de-Valsa, Bauer e Alfredo; Maurinho, Albella, Gino, Negri e Teixeirinha.
Apesar da campanha, o São Paulo só seria campeão novamente quatro anos depois, em 1957. Naquela ocasião o time contava com os dribles de Canhoteiro, a experiência de Zizinho, então com 35 anos, além do treinador húngaro Bela Guttmann. Numa partida tumultuada com o Corinthians o São Paulo acabou levando a taça pelo placar de 3 a 1. 1957 também foi o ano em que despontou um certo garoto de 17 anos chamado Pelé, artilheiro do certame com 17 gols.
Daquele momento em diante, com o surgimento do Santos de Pelé e a construção do Morumbi consumindo todos os esforços e recursos, o São Paulo teria o maior jejum de títulos de toda sua história.

Estádio sim, títulos não (1958-1969)

Com todo o planejamento voltado para a construção do Estádio do Morumbi, o São Paulo simplesmente deixou de contratar. Nos doze anos que se seguiram ao título de 1957, não houve nenhuma conquista relevante em campo. A primeira parte do estádio foi concluída em 1960 e recebeu o nome de Cícero Pompeu de Toledo em homenagem ao presidente que havia feito grandes esforços para a construção do estádio, mas que faleceu antes de sua conclusão.
O aperto no orçamento fez com que o clube vivesse de jogadores inexpressivos, como o goleiro Suli, o lateral Deleu, o zagueiro Gildásio e o atacante Nondas. Alguns valores como os zagueiros Jurandir e, principalmente, Roberto Dias, até que tentavam dar um pouco de dignidade à defesa. Mas assim como os craques, os momentos de alegria também eram escassos.
Um desses escassos momentos de alegria foi a goleada de 4 a 1 que fez o Santos de Pelé fugir de campo, no Campeonato Paulista de 1963. Quatro anos depois, em 1967, uma grande chance de acabar com o jejum que já durava dez anos foi jogada fora: na última rodada do campeonato, bastava vencer o já desclassificado Corinthians para soltar o grito de campeão. O time vencia por 1 a 0, gol do volante Lourival, até os 44 minutos e 30 segundos do segundo tempo. Com um gol de canela, o centroavante corintiano Benê empatou a partida e empurrou o São Paulo para um perigoso jogo extra contra o quase imbatível Santos de Pelé.
Os santistas deixaram o “quase” para o São Paulo e dessa vez ficaram no gramado, vencendo por 2x1 (gols de Edu e Toninho para o Santos, com Babá descontando para o São Paulo) e mantendo o São Paulo na fila.

De Volta às Conquistas e de Estádio Novo (1970-1975)

Após a conclusão do Estádio do Morumbi em 1970, era hora de pensar novamente na formação do time. Para a disputa do Campeonato Paulista daquele ano, vieram Gérson, do Botafogo, por 900 mil cruzeiros; Pedro Rocha, meia uruguaio do Peñarol; e Toninho Guerreiro, goleador do Santos. Com um trio desses, mais Forlán na lateral-direita e Roberto Dias na zaga, foi fácil enterrar o incômodo jejum de títulos, já em seu décimo-terceiro ano. Uma conquista bem tranqüila, em que o principal rival foi a surpreendente Ponte Preta, recém-promovida à Primeira Divisão. Dirigido por Zezé Moreira, técnico da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1954, o São Paulo alcançou a consagração com uma rodada de antecedência, vencendo o Guarani por 2 a 1 em Campinas.
Em 1971, ano do bicampeonato, a base era a mesma. Na decisão contra o Palmeiras, bastava um empate, mas Toninho Guerreiro marcou o gol da vitória, do terceiro bicampeonato do São Paulo e de seu pentacampeonato (Toninho havia sido tri pelo Santos em 1967-68-69). Até hoje os sãopaulinos se divertem com a choradeira dos palmeirenses, que reclamam de um gol de cabeça de Leivinha, invalidado porque, segundo o árbitro Armando Marques, foi marcado com a mão. Vendo as imagens, é possível perceber que foi de cabeça. Ainda que fosse validado, o placar de 1x1 daria o título ao São Paulo da mesma forma. Naquela mesma temporada, aconteceu o primeiro Campeonato Brasileiro da história, e o São Paulo foi vice, atrás apenas do Atlético Mineiro treinado por Telê Santana.
Nos anos seguintes, o Santos de Pelé entrou numa decadência progressiva e o Corinthians viu sua crise aumentar, ao entrar na segunda década sem títulos. Assim, São Paulo e Palmeiras repetiriam por várias vezes um duelo particular. Em 1972, ambos terminaram o Campeonato Paulista invictos, mas o Palmeiras ficou com o título por ter um ponto a mais, conquistado justamente diante do Tricolor, com um 0 a 0 na última rodada. No ano seguinte, ambos fizeram uma final de Campeonato Brasileiro. Novamente Palmeiras campeão, outra vez São Paulo vice.
Em 1974, o São Paulo deu prioridade à disputa da Taça Libertadores da América, chegando invicto à decisão contra o Independiente da Argentina. Vitória por 2x1 no primeiro jogo, em São Paulo e derrota em Avellaneda por 2x0. Na partida-desempate, disputada em Santiago, o gol do zagueiro Pavoni aos 37 do primeiro tempo e as defesas de um goleiro chamado Gay adiaram o sonho tricolor de conquistar a América.
A equipe de 1975, sob o comando do ex-goleiro José Poy, era bem diferente daquela treinada até então por Zezé Moreira. Dos jogadores antigos, só restou Pedro Rocha, uruguaio comprado do Peñarol por US$ 150 mil e maior ídolo daquele time. Ainda assim, o time manteve a trajetória vitoriosa dos primeiros anos da Era Morumbi. Ao lado do goleiro Waldir Peres, do volante Chicão e do centroavante Serginho, ele ajudou o São Paulo a ficar com mais uma taça de Campeão Paulista, enfrentando a Portuguesa na final. No primeiro jogo, São Paulo 1x0. No segundo, a Portuguesa devolveu o mesmo placar e a taça foi decidida nos pênaltis. Waldir Peres catimbou como nunca e defendeu as cobranças de Tatá, Dicá e Wilsinho. Pedro Rocha, Serginho e Chicão converteram as cobranças e o São Paulo Futebol Clube faturou seu décimo título paulista.

A Hora da Afirmação (1976-1979)

Em 1976, uma temporada apenas mediana com um sexto lugar no último Paulista conquistado pelo Palmeiras até 93 e um 25º no Brasileiro que o Corinthians perdeu para o Internacional.
Já em 1977, meses antes de o Corinthians acabar com o jejum de 23 anos sem títulos derrotando a Ponte Preta, Waldir Peres, Chicão e Serginho também foram os donos da festa na campanha do Campeonato Brasileiro de 1977, conquistado no Mineirão, contra o franco favorito Atlético Mineiro, que estava invicto. Empate sem gols no tempo normal e na prorrogação. Era a primeira conquista nacional do São Paulo Futebol Clube, um clube cuja torcida começava a crescer também fora do Estado de São Paulo.
Nos anos seguintes, a presença tricolor nas fases decisivas dos campeonatos se torna mais constante, embora nenhum outro título relevante vá parar no Morumbi até 1980. O clube disputou a Libertadores em 1978 e chegou à final do Campeonato Paulista contra o Santos naquele mesmo ano. Apesar de ganhar a terceira partida decisiva por 2 a 0, perdeu o título para o adversário, dono de melhor campanha ao longo da competição. Tudo porque não conseguiu marcar mais um golzinho na prorrogação.
Foram tempos marcados pelas diabruras do habilidoso ponta-esquerda Zé Sérgio e pelos gols do centroavante Serginho Chulapa, que com 242 gols desbancou o antigo ídolo Gino Orlando (232 gols) da condição de maior artilheiro da história do clube. A década termina com uma equipe cansada, que não participa do Campeonato Brasileiro de 1979 e que no Paulista é eliminada pelo Corinthians antes mesmo das semifinais. Sinal de que era hora de mudar tudo novamente.

Década Tricolor (1980-1989)

Nos anos 1980, o São Paulo conquistaria um número impressionante de títulos, como nunca tinha feito, tanto no âmbito estadual quanto nacional. Logo em 1980, um Paulista iniciaria uma longa lista de troféus. Na zaga, talvez uma das melhores duplas de zaga de um time brasileiro em todos os tempos: Oscar e Dario Pereyra. Com técnica refinada e uma raça apaixonante, os dois atravessaram anos vencendo atacantes adversários. No ano seguinte, o São Paulo repetiria a dose ganhando mais um bicampeonato, e decidindo no Campeonato Brasileiro com o Grêmio no Morumbi. O tricolor “errado” venceu por 1x0.
Em 1984, o técnico Cilinho prepararia uma safra de craques que faria época no clube. Depois de enfrentar a impaciência de alguns, o inteligente treinador revelaria ao mundo os "Menudos do Morumbi", uma equipe jovem, rápida e inteligente que ganharia o apelido de um grupo musical de adolescentes da época. Nomes: Silas, Müller e Sidney.
No ano seguinte, a equipe conquistava o Paulista Paulista já ficaria no Morumbi, com um time velocíssimo, talentoso e inteligente. O ataque tinha Careca, centroavante mortal que iria à Copa do Mundo de 1986, e o meio-campo tinha Falcão, recém-chegado da Itália, já considerado o "Rei de Roma".
As conquistas não paravam. Os "Menudos" amadureceram, e em 1986, o técnico Pepe lideraria o time para a conquista do segundo Campeonato Brasileiro, em cima do Guarani. Na final, um jogo eletrizante, que foi decidido nos pênaltis, depois que Careca marcou um golaço nos descontos da prorrogação, empatando o jogo em 3x3. Aquele gol rendeu a Careca o título de artilheiro do torneio. E nos pênaltis, deu São Paulo.
Em 1987, mais um título, no "adeus" de Don Darío Pereyra da zaga Tricolor. O Paulista daquele ano foi também a última taça levantada pelos "Menudos". A "Década Tricolor" ainda reservava mais um Campeonato Paulista, o de 1989, além de mais um vice-campeonato brasileiro, perdido de novo dentro do Morumbi, também por 1x0, para o Vasco.

Anos Dourados da "Era Telê" (1990-1994)

Após um período de tantas vitórias, todos apostavam numa fase descendente do São Paulo. E o time deu mesmo essa impressão. Em 1990, o time não fez uma boa campanha no Campeonato Paulista. Então veio o técnico Telê Santana, que ainda carregava a fama de "perdedor", por conta das Copas perdidas em 1982 e 1986. Telê já tinha passado pelo São Paulo nos anos 1970, sem brilho. Essa nova passagem O casamento entre São Paulo e Telê seria a união de maior sucesso na história do clube.
Telê chegou ao Morumbi em 1990, a tempo de levar o time à final do Brasileiro, vencida pelo Corinthians. De novo no Morumbi, com o adversário vencendo as duas partidas por 1x0. No ano seguinte, a vingança contra o mesmo Corinthians, só que no Campeonato com um sonoro 3x0 na primeira partida e um 0x0 burocrático e soporífero na segunda. Um verdadeiro azar para os adversários, pois Telê lapidou seu time para arrasar nas finais. Em 1991, O São Paulo já tinha a cara de Telê. O velho mestre soube como fazer Raí jogar, e parecia não haver equipe brasileira que pudesse parar aquele time inteligente, leal e que pressionava o adversário durante 90 minutos. Depois de três finais de Brasileiro consecutivas, o São Paulo conquistaria seu terceiro título em cima do Bragantino de Carlos Alberto Parreira. Poucos acreditariam no que estava se armando.
Campeão Brasileiro, o São Paulo de Telê, do goleiro Zetti e de Raí começou a Taça Libertadores de forma irregular, mas foi evoluindo durante a competição até chegar à final, 17 anos depois. Apesar da derrota por 1x0 para o Newell’s Old Boys no primeiro jogo da final, em Buenos Aires, a torcida sabia que nada poderia segurar o time. No jogo de volta, uma cena inédita: horas antes do jogo, o Morumbi já não tinha lugar para mais ninguém, mas a torcida continuava chegando. As vias de acesso ao estádio ficaram entupidas. E empurrado por um estádio apinhado, finalmente o título da Libertadores, nos pênaltis.
O sonho do Mundial Interclubes em Tóquio finalmente chegara. O adversário era o Barcelona de Johann Cruyff - considerado uma das maiores equipes de todos os tempos - com cracaços como Koeman, Stoichkov e Laudrup. O Barcelona sai na frente com Stoichkov, mas o tricolor paulista, com dois gols de Raí, o mundo se curvava à arte do time de Telê Santana. O São Paulo era o melhor time do mundo. "Se você tem de ser atropelado, é melhor que seja por uma Ferrari", disse Cruyff, após a partida. Uma semana depois, o São Paulo prorrogava por mais um ano o jejum do Palmeiras, batendo-os na final do Campeonato Paulista.
Raí ficou no São Paulo somente o suficiente para vencer mais uma Libertadores, contra o Universidad Católica. Os 5x1 aplicados no time chileno na primeira partida, no Morumbi, permitiram que o São Paulo se desse ao luxo de perder a segunda partida por 2x0. Deixou o clube para conquistar a França, mas foi substituído com outros craques. Telê remontou o São Paulo sem Raí para manter o título Mundial em Tóquio, pela segunda vez consecutiva.
Antes, o São Paulo conquistou a Supercopa dos Campeões da Libertadores, vencendo o Flamengo nos pênaltis após dois empates eletrizantes em 2x2. No Mundial, o adversário era ninguém menos que o Milan de Fabio Capello (que tinha sido o único clube italiano a se sagrar campeão invicto na história). Numa partida eletrizante, o São Paulo esteve duas vezes em vantagem, com gols de Palhinha e Toninho Cerezo, mas Massaro e Papin pareciam estar decididos a estragar a festa. Quando o juiz já consultava o relógio, Muller fez valer a sua marca de predestinado e marcou um gol digno de antologia do absurdo, jogando um oceano d'água fria no Milan. São Paulo bicampeão mundial de clubes.
Em 1994, o tricolor vence a Recopa com uma vitória por 3x1 sobre o Botafogo em partida disputada em Kobe, no Japão. Já tricampeonato consecutivo da Libertadores bateu na trave. Após eliminar Palmeiras, o chileno Unión Espanhola e o paraguaio Olímpia, o São Paulo chegou à final contra os argentinos do Vélez Sarsfield. 1x0 para o Vélez em Buenos Aires, o São Paulo devolve o placar e leva o jogo para os pênaltis. O goleiro Chilavert defende a cobrança de Palhinha e os argentinos levam a taça. Ainda em 1994, usando o time reserva, vence a Conmenbol. No Campeonato Brasileiro, eliminação nas semifinais para o arqui-rival Palmeiras.
Telê Santana ficou cinco anos no São Paulo. Neste período, venceu todas as competições possíveis de serem vencidas por um clube paulista (exceto a Copa do Brasil): Campeonato Paulista e Brasileiro, Libertadores, Copa Conmebol (com o time reserva, que acabou ganhando o apelido de Expressinho), Supercopa da Libertadores, Recopa da Libertadores, além dos torneios Ramón de Carranza, Teresa Herrera e, claro, o bi do Mundial Interclubes.

Ressaca Pós-Telê (1995-2004)

No início de 1995, por questões de saúde, Telê é obrigado a deixar o São Paulo, dando fim à época de ouro do time.
Depois dele, entre 1995 e 2004, 14 técnicos passaram pelo tricolor sem se firmar. Nesses 10 anos, apenas dois títulos de relevância e uma liderança em campo: o goleiro e capitão Rogério Ceni, recordista absoluto de jogos pelo clube. Em 1998, Raí voltou um dia antes da finalíssima contra o Corinthians e foi o destaque da partida que terminou em 3x1 para o tricolor, marcando um dos gols e dando um passe para o outro. Em 1999, na semifinal do Brasileiro, Dida pegou dois pênaltis de Raí e adiou o tetra brasileiro.
Em 2000, o São Paulo e Raí conquistaram mais uma taça: O Campeonato Paulista de 2000, com França (quarto maior artilheiro da históra do São Paulo, com 182 gols) marcando o único gol da primeira partida contra o Santos e empate em 2x2 na segunda. Pouco depois, Raí se aposentaria após a eliminação para o Sport Recife na semifinal da Copa dos Campeões.
Em 2001, título do Rio-São Paulo com duas vitórias na final contra o Botafogo (4x1 no Rio e 2x1 em São Paulo) e destaques para Luís Fabiano e Kaká. No Brasileiro, eliminação nas quartas-de-final para o Atlético Paranaense (que conquistaria o título) Em 2002, título do Supercampeonato Paulista e classificação em primeiro lugar na primeira fase do Brasileiro. Mas duas derrotas nas quartas-de-final para o Santos de Diego e Robinho (que havia se classificado em oitavo e acabariam conquistando o título) frustraram o sonho do tetra.
Em 2003, o terceiro lugar no Campeonato Brasileiro qualifica o time para voltar à Libertadores no ano seguinte, dez anos depois do “quase tri” em 1994. O tricolor pára nas semifinais, sendo eliminado pelo surpreendente Once Caldas da Colômbia, que viria a conquistar o título. No final de 2004, Émerson Leão assume o time e o leva novamente à Libertadores.

Apogeu (2005-2007)

Em 2005, com Leão, o São Paulo ganha força e inicia uma nova trajetória de conquistas, ganhando com facilidade o Paulista. Leão deixa o time, mas Paulo Autuori, então treinador da Seleção Peruana, assume o time nas semi-finais da Libertadores, elimina o River Plate com duas vitórias (2x0 em Buenos Aires e 3x2 no Morumbi) e chega à final da contra o Atlético Paranaense, a primeira da história da competição entre dois times do mesmo país.
Com 1 a 1 em Porto Alegre (já que o adversário foi obrigado a jogar fora de seu estádio pelo mesmo não comportar o mínimo exigido pela Conmebol), e uma goleada de 4 a 0 no Morumbi, o São Paulo conquista a Libertadores da América de 2005 e é o primeiro time brasileiro a ser tricampeão dessa competição. Em dezembro de 2005, disputa no Japão o Mundial de Clubes da FIFA, com outros cinco clubes. Na primeira partida vence o Al Ittihad da Arábia Saudita por 3 a 2 e na final derrota o Liverpool FC da Inglaterra por 1 a 0 com gol marcado por Mineiro e Rogério Ceni pegando até pensamento. Se torna o único clube brasileiro tricampeão mundial.
Após o sucesso de 2005, o São Paulo entrou na temporada 2006 como o time a ser batido, enfrentando diversas dificuldades desde o início do ano e iniciando o Campeonato Paulista sem realizar uma pré-temporada decente. Paulo Autuori, o treinador campeão mundial, deixou o clube para treinar o Kashima Antlers, no Japão. Para substitui-lo foi contratado Muricy Ramalho, ídolo do clube nos anos 70 e treinador na década de 90. No Paulista, venceu todos os clássicos, mas acabou vice-campeão, atrás do Santos.
Na Libertadores, o Tricolor mostrou força semelhante ao ano anterior, apesar de ser batido pelo Chivas Guadalajara nas duas partidas da primeira fase, inclusive no Morumbi, perdendo uma invencibilidade de dezenove anos. Mas o time cresceu nas fases finais, batendo o Palmeiras, Estudiantes e o próprio Chivas para alcançar sua sexta final, contra o Internacional, time treinado por Muricy nos anos anteriores. Mas o feitiço virou contra o feiticeiro e o São Paulo perdeua primeira partida no Morumbi por 2 a 1. O empate em 2 a 2 em Porto Alegre deu o título aos gaúchos.
O São Paulo também disputou a Recopa Sul-Americana, um torneio entre os campeões do ano anterior da Libertadores (no caso, o São Paulo) e da Copa Sul-Americana (Boca Juniors). Em duas partidas muito equilibradas, os argentinos levaram a melhor com uma vitória de 2 a 1 em Buenos Aires e um empate em 2 a 2 em São Paulo.
Os três vice-campeonatos não abalaram o time, que conquistou o quarto título brasileiro com uma rodada de antecedência, ao empatar com o Atlético Paranaense em 1x1 no Morumbi na tarde de 19 de novembro de 2006.
Em 2007, eliminação nas semifinais do Paulista com uma vexatória derrota por 4x1 no Morumbi para o São Caetano (que perderia o título com um gol sofrido nos minutos finais contra o Santos), eliminação já nas oitavas de final da Libertadores para o Grêmio (vitória por 1x0 no Morumbi e derrota por 2x0 em Porto Alegre - o Grêmio chegou à decisão e perdeu as duas partidas para o Boca Juniors).
Talvez fortalecido pelas frustrações nos dois torneios, o São Paulo sobrou na conquista do quinto campeonato Basileiro. O título veio com quatro rodadas de antecedência, na vitória fácil por 3x0 contra o rebaixado América/RN no Morumbi. Foi a primeira vez que o título brasileiro foi conquistado após uma vitória, já que nas quatro vezes anteriores foi conquistado em partidas que terminaram empatadas.

Após o Apogeu, o que esperar?

O São Paulo entrou em 2008 sendo novamente eliminado nas semifinais do Paulista (vitória por 2x1 no Morumbi e derrota por 2x0 no Parque Antártica, quando misteriosamente foi jogado gás de pimenta no vestiário são paulino) e nas quartas-de-final da Libertadores para o Fluminense.
A eliminação para o Fluminense foi particularmente traumática. Após vencer por 1x0 no Morumbi (gol de Adriano "Imperador"), a derrota por 2x1 no Maracanã dava a vaga nas semifinais ao São Paulo. Mas no último minuto dos acréscimos, Washington cabeceou após cobrança de escanteio e marcou o terceiro gol do tricolor carioca, que eliminaria o Boca Juniors nas semifinais e perderia o título nos pênaltis para a LDU, em pleno Maracanã.
No Campeonato Brasileiro, após uma primeira metade irregular, o São Paulo conseguiu tirar uma diferença de onze pontos em relação ao então líder Grêmio e arrancou para conquistar o sexto título brasileiro, vencendo o Goiás na última rodada. O gol de Borges aos 22 minutos do primeiro tempo significou também o primeiro tricampeonato brasileiro consecutivo de m clube na história. E o primeiro tricampeonato da história do tricolor do Morumbi.